Os Físicos queimam seus neurônios buscando o que eles chamam de "teoria unificada" onde, segundo eles, seria possível prever o estado do Universo e tudo contido nele em qualquer momento. Isso quer dizer que seria possível prever até nossas ações. O grande paradoxo de tudo é que, para isso acontecer, teoricamente teria que existir uma teoria que preveja que vamos descobrir essa teoria.
Pulando essa parte meio sem sentido, imagine se pudéssemos prever o que nós mesmos vamos fazer em um determinado momento. Até onde essa sensação de controle nos seria confortável ? Afnal de contas, como diz o torturador, o problema não é sentir dor, e sim ficar na expectativa de quando irá senti-la.
Mas será que muita coisa já não é assim ? Hoje fui a um casamento. Sozinho, por razões que não cabem explicar aqui e agora. Tudo é meio datado. Você sabe como e tem uma boa noção de quando as coisas vão acontecer. Não há muitas surpresas. Fiquei viajando sozinho enquanto assistia à cerimônia. "E se eu saísse correndo agora e desse um empurrão nos noivos?"; "E se o padre surtasse e começasse a cantar I Dont Believe in Love ?"; "E se caísse um pedaço de meteorito na cabeça da senhorinha da primeira fila que tava quase dormindo?". Essas coisas poderiam ser previstas ?
Bah, me sensurei, pensando estar perdendo o juízo de vez. Mas sabe quando voce fica com a sensação de que há alguma coisa fora do eixo, exatamente pelo fato de tudo ser previsível demais ? Dezenas de pessoas...cada uma imersa em seu próprio mundo, pensando sabe lá o que naquele momento. Talvez olhando pra mim e pensando "olha, tadinho daquele rapaz feioso ali, por que será que está sozinho?", talvez olhando pros noivos e dando graças a alguem por não ser ele lá, ou se perguntando, aflito "será que um dia serei eu?".
De certo na vida, só a morte mesmo. Talvez nem a morte, afinal, o que acontece depois que se morre ? Fica tudo preto, sem som ?
Sabe quando as vezes voce sente que não se encaixa direito em conceitos tão básicos que se sente até desconfortável por isso ? Voce pensa "pô, eu dou atenção à todo mundo da mesma forma, por que é tão difícil conseguir um pouco as vezes ?" Parece que o lance da seletividade impera sempre: não vou perder meu tempo com voce se voce não tem nada a me oferecer. Ou talvez apenas ser educado e falar "olá" e pronto, meu dever cívico do dia está completo.
Eu tinha tudo pra não ir ao casório hoje, afinal, não sou tão amigo assim dos envolvidos. Mas por uma questão de honra e respeito, estive lá. Camelei pra voltar pra casa de um lugar que nunca tinha ido antes, a pé, de onibus, metro e depois onibus de novo, mas fui. Custou ? Perdi meu sábado ? Perdi né ? Ganhei o que ? Não é assim que funciona, a tal da lei do esforço/reconpensa ? Bah, foda-se tal lei. Não sei o que ganhei, sei o que não perdi.
É difícil se esforçar pelo próximo. Mas o que não entendemos é que as vezes as pessoas ao seu lado estão tão vulneráveis quanto voce, apenas esperando por um gesto delicado da tua parte pra se sentirem seguras o suficiente pra mostrarem o que tem de bom e querem compartilhar. Eu procuro ser sempre simpático com todo mundo, vai ver por isso não tenho inimigos ou desafetos. Mas mesmo assim é difícil derrubar o muro contruído em volta das pessoas, seja lá por qual razão a barreira foi levantada (e existem milhares). Geralmente quando voce é simpático com desconhecidos, dá a este uma condição de superioridade, pois o mesmo pode interpretar isso como um cortejo ou algo parecido, e se colocar numa situação de dominador da situação. Aí geralmente já era. Voce vai ter que ser atraente o suficiente pra que o lado visual sobreponha-se ao restante, e "retomar" o controle.
Por que é tão difícil pras pessoas se abrirem ? Do que elas tem medo ? O que estão protegendo/defendendo ? Eu sinceramente não sei, só entendo que tudo isso é tão previsível que chega a ser massante. E quando encontramos uma alma que quebre essas expressões pré-definidas nos sentimos ameaçados: "...eu não confio em pessoas solitárias...os eternos espectadores da vida....observando, esperando....". Talvez tenhamos muito a aprender com eles. Ser, ou estar sozinho não é doença. Pode ser opção, pode ser falta de oportunidade. Mas de qualquer forma, sozinho ou acompanhado, o que nos torna tão previsíveis é o muro que construimos a nossa volta. Nos faz tolamente pensar que temos o controle de tudo que nos cerca, que somos inatingíveis e inalcançaveis e não nos deixa perceber que no fundo somos tão iguais...
Grande ilusão da alma humana, fonte de nossa maior força e ao mesmo tempo de nossa maior fraqueza.
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2 comentários:
Hm, acho que concordo com boa parte dos teus pensamentos aleatórios colhidos por ae. Exceto pelos pontos onde tu insiste em se diminuir, mas sei lá, cada um pensa o que quer né. :)
Braços e eijos!
Eu não sei como é com as outras pessoas, mas eu evito me abrir com os outros por conta das diversas vezes que quebrei a cara por tê-la dado a bater. Você tenta, você não baixa a guarda, você desconfia até que acha que pode confiar e, aí, o que acontece? Você se fode. E aí vai ficando cada vez mais difícil, a casca em volta da gente vai ficando cada vez mais grossa, mais impenetrável até que pareça que você não tem sentimentos e que resiste e faz piadinha sobre as coisas ruins que te acontecem.
Quando chega nesse estágio, o melhor mesmo é ficar observando de longe, mesmo que se possa perber boas oportunidades, ao menos algumas coisas desagradáveis são evitadas.
Né? ;]
Beijos, mocinho!
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