quinta-feira, 13 de novembro de 2008

To feel or not to feel

That's eternally the question.

Mas acho que faz parte do processo, faz parte da evolução, dos momentos, da sequência, da lógica, a indagação permanente do sentir ou não sentir. É claro que sempre sentimos algo, mesmo que seja a necessidade violenta e faminta de nada sentir, mas sentimos a necessidade de bloquear aquilo que um dia nos fez sentir as pessoas mais felizes do mundo, e segundos depois as mais miseráveis a se arrastar por essa terra.
O que é o ser humano senão um turbilhão desorientado e sedento por sentimentos. O que é ser humano senão a essência do que respira e transpira. Pode parecer cliché do momento, do livro, do filme, mas dentro de nós há uma coisa que não tem nome, essa coisa é o que somos. Essa coisa é esse turbilhão. Essa coisa é a busca sem fim pela luz e entendimento do que somos. Somos seres que pensam e sentem, sentem e depois pensam. Somos seres que caminham, vêem, cheiram, lembram, relembram, desejam, possuem, descartam, arrependem-se, realimentam, afastam.
Por que frieza. Só por saber separar, ou controlar, ou não mostrar vulnerabilidade. Nada além de exercício exaustivamente praticado. Nada além do mais puro e necessário. Nada além da mais genuína armadura feita e posta junta com gotas rubras e outras incolores.
Mesmo quando se sabe estar fazendo a coisa certa, não facilita, e não auxilia em ignorar que algumas escolhas, algumas ocultações podem privar de aprendizado aqueles que tão pouco tempo tiveram para parar e pensar. E mesmo quando se tenta falar, mostrar, elucidar, o receptor há de se encontrar em estado perfeito de recepção. O que são imagens para um cego. O que são palavras ditas ao surdo.
É real a vontade de contribuir mesmo que minimamente, pois apesar de pregar o desprendimento dos pilares em nós construídos, há sempre a esperança de melhores construções, de idéias antes ou por outros impensáveis e inovadoras que tão melhores muros podem produzir. Há de se pensar além da cabeça, além da própria cabeça, pensar no emaranhado da inteligência coletiva que talvez exista numa rede invisível de teias interligadas, de todas as cabeças, ou ao menos das cabeças que ainda não desistiram ou não aceitam se privar de pensar.
Interessante ver o desenrolar do esquecimento. O exercício que aos poucos apaga, bit por bit, informações que às vezes enganam e parecem permanentes, mas com o tempo pouco sobra para formar dado completo e compreensível. Num dia alguns parágrafos revelam todo o volume da história, e dias depois diversas letras são incapazes de formar palavra qualquer. Talvez seja um embaralhamento, um espalhamento, a primeira e a última letra de cada palavra se misturando e fugindo, enganando o cérebro, desafiando o raciocínio, escapando do entendimento, evitando as emoções.
Ainda quando se tenta reescrever em tal página, sobrescrever bits and pieces de informação, existe o risco de duas letras se reorganizarem no início e no fim, e aquela palavra provocar um breve instante em que se revive o momento, cheira novamente o cheiro, saboreia o sabor, toca o toque, sente o sentimento, e tudo ao mesmo tempo faz e perde o sentido.
E os valores mutantes, os valores individuais, os valores coletivos, os valores forçadamente difundidos que te obrigam a preservar, a perpetuar, a defender, os valores que frequentemente pressionam, contradizem, conflitam, não servem, e acabam por desvalorizar. O que são valores quando as coisas mais importantes na existência são esquecidas e ignoradas, quando a essência se torna invisível aos olhos que não querem ver, quando o conteúdo grita aos ouvidos que não querem ouvir. Do que adianta cobrir, evitar, calar quando se transborda e propaga por todos os poros tudo aquilo que há de mais repugnante e atraente nesses animais que sentem e pensam. Pra quê valores quando ninguém leva em conta. Pra quê valores quando ninguém faz valer a pena.
Mas no final das contas, tem-se de se preocupar com o canvas à tua frente. Observa as cores que se misturam. Percebe as figuras que se formam. Ouve os sons que rodeiam. Cria tua própria sinfonia, vê teu próprio filme, aprecia teus sabores, canta tua melodia e sente teus prazeres. Te faz bem? Então faça. Sinta.

(E foda-se?)

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